terça-feira, 1 de abril de 2008

A música eletrônica veio antes do rock e da música pop







A afirmação do jornalista Tom Leão, do Globo, pode assustar os jovens freqüentadores das raves com os “melhores” DJs do mundo, mas a música eletrônica é mesmo secular, por mais que pareça “moderna” e nova para muitos. Toda essa história está contada em imagens e sons muito bem cuidados na exposição “Geração eletrônica”, que teve abertura, em 16/01, no Centro Cultural Telemar, e ficou em cartaz até o dia 12 de março.
Fones de ouvidos e telões de plasma logo na entrada do centro já avisam que se trata de uma aventura tecnológica. “No final do século XIX, pela primeira vez se tirou o som de uma máquina. No decorrer do século XX, a coisa caminhou para o digital, voltando-se para o computador. As pessoas acham que a música eletrônica é uma coisa exótica, mas nasceu como processo experimental e erudito. Não é pop – os concertos de Theremin eram feitos em teatros de ópera, para engravatados”, explica Leão, um dos curadores da mostra, responsável pela maioria dos textos do catálogo.
O primeiro passo da mostra é uma linha do tempo da eletrônica que começa em 1939, quando John Cage compôs a primeira peça com uso de elementos eletrônicos, e termina em 1994, com a nova onda de house de Chicago, no trabalho de DJs como Félix da Housecat e Green Velvet. Personagens da história estavam por lá, conferindo sons que marcaram época, como o DJ Marcelo Schild (que colabora com texto no catálogo) e o flyer-man Serginho Careca, o cara que divulga as festas mais bacanas do Rio. A jornalista Luana Cloper, da Cool Magazine, também não resistiu aos fones.
Entre a linha do tempo e a sala onde se explicam as distinções entre os ritmos eletrônicos, há uma divertida escada que produz beats a partir dos passos em cima dos degraus. Para quem domina a linguagem musical, dá até para fazer um pocket show, misturando Tom Hanks em “Quero ser grande” a Mathew Broderick em “Curtindo a vida adoidado”. Quem só tem ouvido pra dançar vai fazer uns barulhinhos e pronto.
Na sala dos ritmos, o espectador ganha um iPod para selecionar ali se quer saber mais sobre house, techno, electro, trance ou drum´n´bass. São informações sonoras e visuais – música em fones de ouvido e imagens em profusão pelas paredes, a maioria delas cedidas pela poderosa Ruth Slinger, que também colabora na mostra “Rio 80º”, que começou hoje no Centro Cultural Banco do Brasil.
As cadeiras brancas e redondas que balançam são futuristas, minimalistas e despertam sentimentos comuns à Haydée no povo. Ótimo para levar a mãe e mostrar um pouco mais do mundo em que a maioria dos jovens hoje vive. Ou aquele amigo tranceiro que insiste na coreô do psy-trance - mesmo na festinha de deep house.
Antes de chegar ao teatro, onde o DJ Léo Janeiro e o VJ Trilux (Brasília) dão uma canja do que acontece nas festas eletrônicas pelo mundo afora, com boas músicas e projeções de imagens, o espectador é surpreendido pela exposição fotográfica “Sente a pressão! – fragmentos de baile funk”, que mostra toda a sensualidade e poesia presente nos bailes de música eletrônica dos subúrbios cariocas, hoje exportada para o mundo. O ator Mateus Nachtergaele se emocionou por lá.
Ficha técnica Com direção executiva de Rossine Freitas, a mostra tem quatro curadores: Bruno Katzar, Renato Rossoni, Rossine Freitas e Tom Leão. A trilha sonora é feita pelos tops Jonas Rocha (house), Renato Bastos e Breno Ung (electro), Schild (techno) e Alexey (trance). André Fischer, do Mix Brasil, colabora com texto para o catálogo. A mostra ainda congrega apresentações de DJs (no teatro incrível), debates e workshops. Do primeiro Theremin às popozudas desbocadas em oito andares.
O Centro Cultural Telemar fica na Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo. É só descer na estação de metrô do Largo do Riachuelo e andar menos de uma quadra. As visitas podem ser feitas de terça a domingo, das 11h às 20h. A entrada é franca até o quarto nível do espaço. Informações pelo telefone 21-3131-3060.

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