domingo, 13 de abril de 2008

Música eletrônica de rua





Conhecido pelas galerias e também as lendárias ruas 13 de Maio e Barão de Itapetininga, o Centro de São Paulo abriga hoje muito mais do que o rock e o reggae dos anos 80 e 90. Com a difusão da música eletrônica pelo país, hoje já é possível ouvir música eletrônica de qualidade em plena avenida São João.A vitrine é estreita, mas o som pode ser ouvido até do outro lado da rua. O ritmo varia conforme o horário. Ao meio-dia toca-se psy, de tarde um progressive, passando até por um drum´n´bass. O que não vale, de jeito nenhum, é a bate estaca e o black music comercial predominantes entre os camelôs do centro. Trata-se da E-Groove, a primeira loja de rua exclusivamente eletrônica de São Paulo.“Comecei a trabalhar com música eletrônica há três anos e meio, por incentivo de alguns amigos. Hoje, consigo apoiar algumas festas e ainda ajudar a difundir a música eletrônica no meio da rua, entre a galera que ainda não conhece”, diz Diana Janaki, proprietária da E-Groove.Os cds vendidos em praça pública são coletâneas que a própria Diana faz. Apesar de se declarar uma apreciadora do drum n´bass, na E-Groove é possível encontrar os últimos lançamentos de progressive, techno, house, electro e psytrance. O preço varia entre R$ 7,00 e R$ 10,00: “ Os cds que eu mais vendo são os de psy. A galera geralmente vem aqui procurando Skazi, que são os mais conhecidos da cena no momento.”Filha de Hare Krishmas, Diana Janaki teve o primeiro contato com a música eletrônica ainda cedo, por intermédio do pai. Aos 12 anos, ganhou o primeiro cd dos alemães do Kraftwerk. Já morou em diversos templos em Teresópolis, RJ, até resolver vir pra São Paulo há quatro anos. Graças ao comércio de rua, consegue ter uma vida sossegada e na próxima semana inaugura a primeira loja “de verdade” em frente ao ponto que trabalha, num prédio de esquina da avenida São João.“Vou continuar com o nome E-Groove, que já ficou bastante conhecido da galera. Quero fazer um espaço alternativo, onde todo mundo possa se reunir pra ouvir um som sossegado”, alegra-se Diana. Coincidência ou não, o prédio fica ao lado da galeria do rock, antro reservado de metaleiros.Logo mais adiante, ainda na avenida São João, o “Seu Guerra” é quem dita a moda eletrônica no centro. Proprietário da loja “Guerra Mix”, o cearense José Guerra já foi camelô por oito anos e diz ter apostado na cena eletrônica por incentivo dos amigos. Hoje, vende desde roupas marca-própria a malabares e acessórios (pulseiras,colares).Amante da música sertaneja, “Seu Guerra” aposta em tudo: “ Eu faço roupas pra todas as tribos mas quem me procura mais é sempre a galera cyber ou do psytrance. O pessoal que freqüenta a loja é quem trás idéias pra mim. Eles saem bastante à noite atrás de inspiração.”Assim como Diana, “Seu Guerra” apóia algumas festas, na maioria ainda muito novas, basicamente localizadas no próprio centro ou no interior de SP. Os ingressos custam em média R$ 10,00 e conseguem atingir um público que não freqüenta a Galeria Ouro Fino no Jardins nem tampouco os clubs da cidade, com exceção da região central.“O pessoal vêm e deixa esses flyers das festas que vão acontecer. Eu ajudo como eu posso, dando uma grana pra eles divulgarem melhor. Fora isso, eu recebo o material de divulgação da Loca e do Susi in Transe, que é aonde o pessoal vai”, diz “Seu Guerra”.O melhor dia de trabalho, tanto pra “Seu Guerra”, como para Diana, é o sábado. Apesar de tímida, quando comparada a galera do rock das galerias, djs, produtores de festas e até mesmo apreciadores da música eletrônica já podem ser vistos passeando no centro.A divulgação das festas passa a ser no boca-a-boca e ambas as lojas se tornam ponto de encontro: “Todas as festas que o Dedeh (funcionário da E-Groove) faz ele divulga aqui. A galera vem conhecer um som e acaba sendo convidado a ir a uma festa. O legal é que o pessoal vê que música eletrônica tem todo um contexto.”Mesmo não tendo um line up internacional, as festas populares, assim como o comércio popular de rua, é uma das maneiras com que a música eletrônica vem chegando às massas. Com ingressos que giram em torno de R$30 a R$50, as festas “grandes”, atraem um público médio A e B, excluindo a maior parte da população brasileira (concentrada nas camadas mais pobres).Apostar nesse público, é acreditar ser possível levar a cultura eletrônica e não só a música, as camadas mais baixas sem perder a qualidade. E isso, a cena eletrônica mais uma vez agradece.
Fonte: Serviço:E-GrooveAv. São João, n° 374, em frente ao largo do Payssandu.Guerra MixAv. São João, n° 518, em frente a Galeria Olido.http://www.guerramix.kit.net/

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