segunda-feira, 23 de junho de 2008

Paraiso >> Noite em IBIZA




Não é preciso nem dizer que festa é o que não falta em Ibiza. Vale lembrar que a programação da ilha começa sempre depois da meia-noite e se estende até o início da tarde. Neste período, os baladeiros se animam com um set variado e cheio de novidades das melhores casas noturnas da Europa.
Importante: todas as casas cobram entrada, então, fique atento aos flyers. Muitos clubs disponibilizam entradas vip em bares.
Altamente recomendada, a Space é o "day club" mais concorrido de Ibiza. Para ter uma idéia, a festa mais conhecida da ilha é a "We love Sundays", que acontece todos os domingos, a partir das 8hs da manhã! São 22 horas de música eletrônica em um revezamento de dj´s. Enquanto os outros clubs já estão dormindo, o som transita pelo funk e garage no terraço (que abriga aqueles que descansam ao sol), enquanto o tecno agita os que não conhecem a palavra “cansaço”.
Lendária, e com filiais em vários lugares do mundo, a Pacha foi o antro de ricos e famosos nos anos 70 e 80. Nos dias de hoje, o forte são as baladas hip-hop, funk e jazz e a tradicional festa 'Flower Power', onde os playboys de Ibiza se vestem a caráter para dançar hits da época a noite inteira. Fora as festas embaladas por DJs conhecidíssimos como Fat Boy Slim e Tim Deluxe; além dos figurões que se divertem por lá. Reza a lenda, que no verão de 2003, o rapper Puff Daddypagou champanhe para todas as pessoas que estavam na casa...
Para facilitar um pouco a sua vida, em Figueretas tem o DiscoBus, uma linha de onibus que passa somente nas boates, uma delas, a El Divino, que fica no porto de Ibiza, com vista para o mar .
Independente de para onde você for, o que chama a atenção dos baladeiros é a estrutura e organização das casas, sempre garantindo que a sua “noite” seja perfeita.Mas prepare o bolso, as entradas nos clubes variam entre € 20 e € 60 euros. E as bebidas entre € 10 e € 15 euros.
Quem optar por um dia de sossego, pode conhecer o Café Del Mar, em um clima mais “chill out”, onde você só paga o que consumir e ainda apresenta uma vista linda. Sim, Ibiza também pode ser tranquila e romântica.
Ibiza ainda conta com muitas opções no estilo “pre-parties”, onde a galera se encontra antes das festas. E muitos deles ficam perto da praia, como o Café Mambo, um dos primeiros do genêro. A festa pode não ter hora para acabar, mas não se empolgue muito! Em Ibiza, é ilegal dormir na praia. E os policiais ficam em cima mesmo! Por isso, guarde energias para voltar para o hotel!
Dica importante: antes de se arrumar e sair pra balada, confira se os lugares onde você quer ir realmente estão abertos e funcionando. Como em qualquer cidade com muitas opções e fiscalização decente, algumas casas são interditadas ou trocam de endereço, de nome... Pra facilitar a vida, um clique na internet te dá todas as informações necessárias – e muitas fotos para você já ir entrando no clima:

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Enjoy The Trance - DARK

Dark PsytranceDark Psychedelic Trance (Trance psicodélico obscuro)É uma subvertente do Psychedelic Trance(Trance psicadélico) que possui um caráter sombrio, escuro e sinistro, ao contrário do Morning Trance que tem melodias bem alegres. Caracteriza-se por apresentar efeitos curtos e rápidos, batidas que variam de 140-200 bpm sem uma melodia pegajosa de sintetizador, baixo reto ou em alguns casos 'grooveado', bumbo(kick) pesado e samples (amostras de som) macabros de filmes como: gritos, risadas, sons de animais, interjeições. Geralmente se ouve nas noites das festas, algumas festas podem durar várias horas com a mesma subvertente chegando ao entardecer, como é o caso dos sets de Goa Gil. Além disto, apresenta sintetizadores característicos de efeitos de terror em filmes e cada música tem uma cadência bem diferenciada, podendo ser dançante ou não (nos casos mais pesados ou muito acelerados).DivisõesO Dark se divide em:* Weird: é a variação mais sombria, barulhenta e bizarra do dark trance. Com um pitch muitas vezes bem acelerado, chimbais continuos e samples aterrorizantes, proporciona um som massacrante para quem não aprecia o gênero.Exemplo: Celsung, Catatonic Despair, Xikwri Neyrra, Kryptum, Abaddon Chaos Madness, Bug Funk, Dark Hallik* Twisted: Som grooveado que apresenta efeitos rápidos e sons tecnológicos. Envolve maior uso de técnicas.Exemplo: Kindzadza, Cosmo, Highko, ElectrypnoseBPM: 148-160Fonte: Wikipedia

segunda-feira, 9 de junho de 2008

PSY - !!!!!!!!!! Como surgiu e como está hoje.













A Índia sempre foi um país de múltiplas facetas. Nesta terra singular situa-se Goa, na costa oeste, a aproximadamente 600 km ao sul de Bombay. Goa é um Estado e não uma ilha, como muitos pensam, e foi uma colônia portuguesa até 1962. Devido a isso, Goa tem até hoje uma forte influência cristã e difere das outras áreas da Índia em relação à liberdade, tolerância religiosa e diversidade cultural.Por causa do seu clima, média anual entre 20°C e 34°C, suas praias quase desertas e sua cultura desprendida em relação ao dinheiro, em contraste com nossa civilização ocidental, Goa tornou-se um ponto de encontro internacional de "new agers", místicos, anarquistas, filósofos, traficantes de drogas e pessoas interessadas em espiritualismo. Os moradores locais são amigáveis e receptivos aos visitantes. Assim, Goa tem sido um verdadeiro paraíso para jet-set hippies e viajantes mochileiros, todos conectados através do desejo de quererem ter uma posição fora do sistema ocidental, além de anciarem poder fugir do inverno gelado da Europa e EUA. Todos procuram em Goa o lado intenso e bonito da vida. E é claro que a música não poderia faltar nesse cenário. No início, as festas nas praias eram tomadas pelo rock psicodélico e pelo reggae. Estas festas se tornavam cada vez mais populares. Decorações feitas de cores fluorecentes e a mitologia indiana tornaram-se parte da vida de Goa. Entre 1987 e 1988 um DJ francês chamado Laurent teve a idéia de tocar música eletrônica nessas festas. No início ele teve muita oposição, mas com o tempo a faísca pegou fogo e a música eletrônica passou a ser parte da cena de Goa. Outras pessoas perceberam o imenso potencial desse tipo de música tocado em raves na praia.O DJ Goa Gill foi da Cailfórnia até Goa e eventualmente se tornou o maior protagonista da música eletrônica em Goa, mantendo esse título até hoje. Ele criou a conexão entre batidas eletrônicas, espiritualidade, yoga e música com o seu conceito de "redefinir o antigo ritual tribal para o século XXI", guiando o público através do trance a um estado de consciência mais elevado.No início, era bem difícil conseguir fazer estas raves - os DJs tinham de tocar usando fitas cassetes de walkman. Naquela época os CDs ainda não eram populares e o calor e a poeira de Goa não eram propícios para o vinil. A música se desenvolveu para uma colorida mistura de Post-Wave, Electronic Body Music (EBM), New Beat, Front 242, Nitzer Ebb, variando entre música eletrônica belga, inglesa e americana. O início da cena techno e acid também chegou com força em Goa.O mês de abril trazia um calor insuportável, e as chuvas duravam até agosto, então as pessoas aproveitavam para voltar aos seus países de origem, levando e espalhando com eles a cultura de Goa, e também voltando para Goa com novas influências. Nessa altura, Goa havia se transformado num dos centros de música eletrônica mais inovativos do planeta, graças a ajuda do walkman e posteriormente do DAT (Digital Audio Tape). A grande gama de possibilidades que resultaram das experiências dos anos 80 (criar música psicodélica através do computador e de sintetizadores) causou uma inundação de criatividade que se espalhou pelo globo. Músicos como Johann Bley, do Juno Reactor, levaram computadores para Goa. Dessa união de diferentes pessoas de várias partes do mundo resultou um estilo mais individual que se tornaria conhecido como goa-trance. A reputação de Goa como um paraíso aumentava e trazia cada vez mais viajantes do mundo inteiro. Na Alemanha, as pessoas que se conheceram nas festas da Índia passaram a se encontrar regularmente a 30 km ao sul de Hamburgo num local desconhecido chamado Waldheim, entre 1989 e 1990. Era normal pessoas da Bavária irem nessas festas também. O lugar começou a ficar cheio demais, ao ponto das pessoas que não conseguiam entrar passarem a dançar no meio da rua mesmo. Nada andava, o trânsito ficava caótico, então o local teve que ser fechado. Nos pubs as pessoas começaram a planejar uma mega rave, então em 1991 foi feita a primeira Voov-Experience, com mais de 1500 pessoas. Johann Bley voltou para Goa junto com Youth, seu amigo de raves, até então conhecido como o parceiro de Alex Paterson no projeto ambient The Orb e baixista da banda Killing Joke, que lançou a primeira faixa oficial de goa-trance. O nome da música era Jungle High, lançado pelo selo Perfecto, de Paul Oakenfold, e se tornou num enorme sucesso nos charts da Inglaterra. Inspirado por isto, Youth lançou o primeiro selo de psy-trance. Utilizando as estruturas de estúdio de gravação do seu selo Butterfly, Youth batizou seu novo selo de Dragonfly. Este selo se tornou o primeiro da cena psychedelictrance de Londres. Simon Posford, engenheiro de som do Butterfly, criou o projeto eletrônico Hallucinogen. O primeiro lançamento do Dragonfly saiu em maio de 1993, uma coletânea com bandas como Genetic, Gumbo, TIP e Black Sun. A segunda coletânea, Project II Trance, foi lançada em agosto do mesmo ano e incluía faixas do grupo francês Total Eclipse e do Mandra Gora, produzido por Johann e Youth. No ano seguinte mais singles foram lançados e vieram as primeiras músicas do Hallucinogen. Man With No Name, Prana, Ayahuasca, Slinky Wizard e Doof foram outros grupos que surgiram em seguida.Em 1994 a cena psy-trance da Inglaterra havia se desenvolvido rapidamente, e festas grandes como Return to the Source aconteciam, enquanto inúmeros selos de psy-trance começavam a surgir. Os integrantes do Slinky Wizard fundaram o Flying Rhino Records. Simon Berry lançou o Platipus Records - o primeiro lançamento foi um vinil do Technossomy. O Platipus Records também lançou Children, do Robert Miles (esta música é considerada a de maior sucesso da história das paradas de sucesso trance até o momento) e álbuns vanguardas como There Will Be No Armageddom do Union Jack (1996), que incluía hinos trance como Red Herring e Cactus.Blue Room Released havia se tornado ao mesmo tempo um dos mais brilhantes e misteriosos selos. Devido a um contrato com uma companhia de auto-falantes suíça, o selo conseguiu um bom suporte financeiro e seus lançamentos passaram a ser distribuídos por todo o planeta. Em abril de 1995 foi lançada a primeira coletânea tripla de trance em LP e CD, o Outside the Reactor, que incluía bandas como Spectral, Total Eclipse, Moog, Har-Eil, Voodoo People e Total Eclipse. Quando a banda X-Dream, de Hamburgo, lançou o single The Frog, a cena psy-trance atingiu o seu clímax, culminando em lançamentos como Bible of Dreams (Juno Reactor), As a Child (Delta) e o álbum Dragon Tales do Kox Box.Apesar da Inglaterra ter liderado a cena trance por anos, por causa da sua cena underground desenvolvida, as raves foram proibidas pelo governo e quase sumiram por completo. Como raves ao ar livre são essenciais para o trance, que demanda um contato mais direto com a natureza, a cultura trance inglesa foi abafada, porque as festas só podiam ser realizadas em locais fechados e tinham de terminar cedo. Ao mesmo tempo, a Alemanha se tornara um paraíso para raves, devido às suas leis mais liberais e a recente queda do muro de Berlim, que teve um grande impacto no crescimento da cena alemã. Enquanto isso, a fama de Goa se espalhava cada vez mais pelo mundo, resultando num fluxo muito grande de turistas. Em 1998 havia quatro vezes mais o número de turistas do que em 1994. Assim a longa relação cultivada entre os ravers e moradores foi destruída. Tudo passou a custar mais caro, pois os indianos perceberam o imenso potencial financeiro que aqueles visitantes de países abastados estavam trazendo para Goa. O espírito original de Goa sumiu feito fumaça em pouco tempo, e a irmandade deu lugar para DJs egoístas, competições, lutas por território e ignorância.Paralelamente, tudo estava se tornando maior na cena psy-trance européia. Os festivais Voov-Experience e Shiva Moon recebiam mais de 10.000 pagantes. Muitas organizações menores começaram a aparecer, resultando num mercado saturado de raves, principalmente na Alemanha. O mainstream, a mídia e grandes empresas passaram a perceber o "fenômeno Goa", apesar do seu auge já ter passado. Cegados pelo sucesso, muitos antigos alternativos de Goa se tornaram estrelinhas arrogantes, com muitos DJs agindo como se fossem deuses. Resumindo: a decadência havia batido na porta da cena goa-trance da Europa. Em outubro de 97 Matsuri marcou o fim do goa-trance com a coletânea Let It R.I.P. As vendas diminuíram drasticamente, a falência da distribuidora inglesa Flying deixou um buraco na cena de selos. Quase todos os selos ingleses tiveram de fechar suas portas, pois não estavam mais conseguindo pagar suas despesas, ou então ressurgiram com nomes diferentes.Ao mesmo tempo, novos conceitos e idéias surgiram, combinando elementos de trance, techno e house. Na Alemanha já existia uma cena de músicos e produtores como Digital Sun / Tarsis, Ouija, Earth, Ololiuqui, Shiva Chandra e muitos outros. Com o festival Voov-Experience como o seu ponto de encontro anual, esta nova face da cena trance rapidamente se alastrou pelo resto da Europa. Muitos suecos se contagiaram com este achado musical e desenvolveram a sua própria cena progressiva. O primeiro e mais conhecido deles foi o Atmos, projeto eletrônico fundado por Tomasz Balicki. Através de um single lançado pela Eve Records (Body Trance), ele fez contato com Cass Autbush, que junto com James Monro estava reestruturando o selo Flying Rhino. A música Klein Aber Doctor do Atmos foi um dos maiores sucessos lançados pelo Flying Rhino até aquela data. O novo tipo de som progressivo deu à cena um novo frescor. Até selos mais "conservadores" como o Dragonfly renderam-se ao trance progressivo. Depois do lançamento de um álbum através do selo Novatekk, a banda sueca Son Kite conseguiu aumentar a plataforma para lançamentos de mais bandas suecas.Com isso, o trance progressivo se expandiu rapidamente pelo mundo. Paralelamente, o psy-trance conseguiu manter sua chama acessa em Israel, graças a um novo acordo político entre Israel e a Índia que permitia aos israelenses obterem vistos para a Índia. Como o serviço militar de Israel é muito rígido (todos, ao completarem 18 anos, inclusive mulheres, são obrigados a servirem o exército por pelo menos três anos), muitos jovens passaram a anciar por momentos de relaxamento total, de preferência em locais paradisíacos. Assim, as praias da Índia foram invadidas pelos israelenses, que passaram a desenvolver a sua própria cena psy-trance. Rapidamente uma cena forte se estabeleceu, com DJs e músicos como Avi Nissim, Lior Perlmutter, Analog Pussy, Har-Eil e Giu Sebbag. O trance israelense atingiu seu pico com o lançamento do primeiro álbum do grupo Astral Projection, "Indoor". Em nenhum outro lugar do mundo o psy-trance conseguiu tanta popularidade, ao ponto de tocarem em rádios e atingirem as paradas de sucesso de Israel.A cena psy-trance também começou a se desenvolver em outras partes do mundo. O Brasil é considerado um país com cena forte. As primeiras raves aqui foram feitas pela WTF (World Trance Family), uma organização que tem feito raves em locais afastados dos centros urbanos de São Paulo. Rica Amaral, de São Paulo, é o DJ de psy-trance mais conhecido do Brasil. Ele também produz uma das raves de psy mais bem sucedidas do país, a XXX-Experience. A Incense foi a primeira festa psy-trance do Rio (residida por Kandle). DJs como Fluorenzo, Matera, Penélope, Ricardo NS etc também têm levado o psy-trance para várias festas do Rio e de outras cidades. Na Austrália, Byron Bay tem organizado as maiores raves. A cena também é forte no México, na África do Sul, na Tailândia, no Japão, no Canadá, nos EUA, na Suíça, na Áustria, em Portugal, na Grécia etc, e tem continuado a crescer cada vez mais em outras partes do globo.Curta psy-trance

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Psytrance: do underground ao mainstream




Era uma vez um estilo musical despontando no Brasil. Estamos em meados da década de 90 e o estilo é o psytrance, trazido de outros países como Inglaterra, Alemanha e Índia, que também estavam descobrindo essa vertente há pouco tempo. A cena ainda é experimental e totalmente underground. Com poucas festas pequenas para amigos, é alternativa à cultura vigente da época.Os precursores da cena no país enfrentaram incontáveis dificuldades, até naturais para tudo o que é novo e inovador, na medida em que faziam acontecer o novo estilo. Flyers escritos à mão, equipamentos emprestados, decorações feitas de panos coloridos trazidos de casa - só para citar algumas das precariedades dessa época - formavam o cenário das primeiras festas. Era apenas o começo. Dmitri, André Meyer, Rica Amaral e Feio, Milton e Nena e alguns outros nomes importantes para a implantação da cultura psytrance no Brasil, acreditaram no movimento, mas não esperavam que o estilo fosse sofrer o tal “boom” e transformar-se na maior cena eletrônica brasileira. As maiores festas, já no final da década de 90, uniam no máximo 2, 3 mil pessoas para celebrar a música, encontrar os amigos, sentir a vibração. O ano agora é 2008. Pirulitos na boca, eventos enormes para mais de 20 mil pessoas, mega-estrututas, top djs internacionais, superlotações, falta de água nos bares, divulgação em massa. Em que este cenário assemelha-se com o início da cena no Brasil? Quando e como o psytrance passou a ser incorporado no famoso vocabulário utilizado para designar aquilo que está na moda, que é cultura de massa, popular, faz sucesso e é principal dentro de seu estilo, o mainstream?Esse negócio de mainstream é algo recente, de 3 anos para cá. O auge do psytrance foi em 2005”, aponta Feio, dono da Xxxperience, a mais antiga festa bem sucedida da cena. Ele e seu sócio Rica Amaral cresceram junto com o estilo, e hoje sustentam suas famílias a partir desse ofício. São empresários da cena e continuam tocando o que gostam: psytrance. “Milton e Nena, das noites indoor Klatu Barada Nikto, organizaram a Daime Tribe, uma das primeiras raves do Brasil - até 2004 - e investiram em selos de trance psicodélico, sempre no âmbito underground. Dmitri, da Avonts (que se tornou Megavonts), entre uma sumida e outra, continua trabalhando com música eletrônica, tocando em algumas festas e levando projetos paralelos em parceria com algumas casas noturnas de São Paulo.Quem resolveu seguir outra trilha foi André Meyer. Quando começou a freqüentar festas pelo mundo, no início da década de 90, André presenciava tribos unidas e românticas, que viam no psytrance uma forma de se expressar, de se envolver com a natureza e de trocar experiências com os amigos. A paz, o amor, o respeito e a união eram a senha para fazer parte de uma dessas festas. O tatuador e body piercing vem de uma época em que não havia um mercado de compra e venda de músicas, em que mixava-se com um mixer simples e gravavam-se as produções em fitas estilo DAT (Digital Áudio Tape). Uma época roots do psytrance, quando, para se fazer intercâmbio de produções, as pessoas tinham que viajar, já que a internet ainda estava sendo implantada domesticamente e pouquíssimas pessoas a utilizavam. André conta que se afastou da cena porque sentiu que o romance em torno das festas e a essência tribal de outras partes do mundo foram sendo substituídas por pensamentos mais profissionais. Hoje ele vê a cena como entretenimento e realiza poucos eventos, mais ligados ao seu trabalho de tatuador.MainstreamCom o avanço da internet, a música eletrônica entrou de vez para o mercado, em um movimento crescente de disseminação nos lares, rádios e casas noturnas do país. O psytrance se destacou, pois suas festas uniam – e unem até hoje - o maior número de adeptos, atingindo o boom até entrar na cena mainstream. Para o dj e produtor Marcelo Decourt, mais conhecido no interior de São Paulo por Xoxeu, a cena evoluiu e melhorou em diversos aspectos: “Hoje em dia é tudo muito diferente, tanto no lado cultural quanto no próprio público. Antigamente era um público mais underground e hoje, literalmente, é uma fusão de tribos”. Essa fusão de tribos só foi possível graças à popularização da música eletrônica como um todo. “Hoje temos a possibilidade de mostrar o trabalho dos djs a um número cada vez maior de pessoas”, completa.Xoxeu não está sozinho nesse pensamento que, aliás, predomina entre djs, produtores e proprietários de festas: a maioria deles está contente, pois as festas se profissionalizaram, suas estruturas são cada vez maiores, e, claro, o mercado aumentou muito para quem vive disso.Hoje a gama de possibilidades é infinitamente maior para quem toca e produz, resultado do modo de se fazer psicodelia na década de 80, com computadores e sintetizadores. Na medida em que a tecnologia avança, chegam novos equipamentos ao mercado que agregam valor para a produção eletrônica.Mas nem todo mundo está feliz com a cena atual. Graziela Fragnito, 24 anos, não se conforma com o fato de faltar água em algumas festas: “se eles dizem que se profissionalizaram tanto, o que justifica a falta de água em algumas festas?”, questiona.O dj Feio aponta o oportunismo e o surgimento de organizadores despreparados como uma das causas de críticas e erros na cena. “Comecei a fazer festas porque gostava da música, mas hoje virou meu trabalho e meu meio de vida. Pago impostos como qualquer empresa”, afirma Feio, querendo dizer que hoje, é necessário sim que a profissionalização esteja acima de qualquer coisa, para impedir incidentes mais graves durante uma festa. Mas, e o que ficou para nós das primeiras festas?Wagner Lacerda, 28 anos, freqüentador de raves há 11, responde: “O espírito, tribal, ancestral, de confraternização e a aceitação mútua. É como antes de se entrar em um templo, no qual tem que se tirar os sapatos. Quando se entra em um dancefloor, deixa-se a arrogância, a soberba e a superioridade de fora. Essa é a essência e dela nada se altera”.Por falar em essência, os festivais aqui no Brasil têm conseguido preservar muito bem a idéia de confraternização com amigos. Um dos festivais mais aclamados mundialmente e o maior de reveillon, o Universo Paralello, apesar de ter crescido em números, tenta manter o espírito roots. Na penúltima edição, a organização do festival teve um problema de superlotação devido à quantidade de vips exagerada. No ano seguinte, a produção diminuiu o número de ingressos e limitou os vips, para preservar a qualidade do festival. “Tento sair fora desse circuito comercial e trazer uma cultura alternativa. Nosso festival é cultural e psicodélico e nasceu naturalmente, a partir da idéia de querermos confraternizar com os amigos. Me inspiro em festivais europeus de trance”, afirma Juarez Petrillo, um dos idealizadores do UP, e completa: “acredito que os festivais estejam conseguindo manter a essência do trance aqui no Brasil”, afirma o dj que atende pelo nome de Swarup.Lucro exacerbadoAs origens do trance estão ligadas ao estado de Goa, na Índia, cuja cultura é desprendida do dinheiro. Uma das maiores críticas em relação à cena atual recai exatamente sobre a substituição dessa essência pela indústria do trance, cada vez mais forte e que, claro, busca o lucro e outras coisas, como a diversão e o profissionalismo. Não podemos esquecer que o psytrance está inserido na indústria cultural, e, como tudo o que cai no gosto popular, sofre perdas, mas também obtém ganhos.Por essas e outras, fica a certeza de que, apesar da popularização, o público se torna cada vez mais exigente. Festas que não respeitam seu público perdem espaço para organizações cada vez mais profissionais. Não é a toa que fatos como mortes ocasionais de pessoas em raves chocam os freqüentadores e queimam a cena.E aí está um ponto delicado. O boom da cena ainda é recente, e, de certa maneira, ainda está à margem da sociedade em geral. Ou seja, dentro da cena eletrônica, o psytrance é (ainda) o estilo que mais agrada o público de festas open air. Mas, para a sociedade como um todo, qualquer música eletrônica ainda é muito underground para sua compreensão. Você nunca ouviu de uma vizinha a seguinte frase: “ai não agüento mais ouvir essa música techno...”. Grande parte da população credita o termo “techno” a qualquer estilo de música eletrônica, pois “é tudo igual”.Isso explica porque uma morte em uma rave chama mais atenção da mídia do que 10 mortes em um show de pagode. Por isso também que as pessoas devem se unir em prol do que acreditam, que é a música, e deixar o dinheiro vir naturalmente, a partir de um bom trabalho sério. Se a cena começa a se desestruturar por dentro, quem é de fora vai esculachar cada vez mais e julgar com preconceito. Nesse caso todos perdem. A cena deve crescer ordenadamente, no curso natural dela, já que, pelo visto, ainda ouviremos psytrance por um bom tempo. “É de se esperar que tão grandes novidades transformem toda a técnica das artes, agindo assim sobre a própria invenção e chegando mesmo, talvez, a maravilhosamente alterar a própria noção de arte”.PAUL VALÉRY – 1934 (filósofo, escritor e poeta francês).